Fibrose pulmonar idiopática (FPI)

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Fibrose pulmonar idiopática (FPI)

Fibrose pulmonar idiopática (FPI)

FPI significa Fibrose Pulmonar Idiopática e é uma doença rara que afeta apenas 10 a 60 pessoas em 100.000, por ano.1 Fibrose é o termo médico para a acumulação de tecido cicatricial (cicatrizes). No doente com FPI, os pulmões ficam com cicatrizes, mais espessos e rígidos, o que dificulta a passagem de oxigénio no sangue, resultando em falta de ar.1,2 

Na FPI, a causa exata desta cicatrização pulmonar é desconhecida, o que significa que a fibrose pulmonar é idiopática (sem causa conhecida).3 No entanto, determinados fatores como por exemplo: fumar, algumas infeções virais, fatores genéticos e a doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) podem aumentar o risco de FPI.4,5 

 

A FPI pode revelar-se sob a forma de vários sintomas, e alguns deles poderão piorar à medida que a doença progride. Mudanças no estilo de vida, e alguns tratamentos, podem ajudá-lo a gerir melhor a doença, e os seus diferentes sintomas. Os sintomas também podem variar de pessoa para pessoa, e por isso os seus sintomas podem  ser diferentes dos de outra pessoa com FPI.3,6-9 

A maioria dos doentes não nota as alterações pulmonares iniciais, e pode pensar que está apenas "fora de forma" ou cansada. Isto pode ser verdade, mas é importante estar ciente das capacidades do seu corpo e identificar quaisquer alterações.  

Sinais e sintomas mais frequentes da FPI:

  • tosse é o sintoma mais comum da FPI e pode começar muito antes de a doença ser diagnosticada. É mais comum ser tosse seca, mas ocasionalmente as pessoas afetadas podem ter um pequeno grau de expetoração (catarro).

  • falta de ar, especialmente com atividade física, desenvolve-se à medida que a doença piora.

Sugestão rápida

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Mantenha um diário dos seus sintomas para acompanhar como se sente ao longo do tempo. Tome também nota de todas as perguntas que gostaria de fazer ao seu médico, e certifique-se de que partilha com ele todos os seus sintomas.

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Monitorizar sintomas

Monitorizar sintomas

As alterações nos seus sintomas podem indicar ao seu médico como é que a doença está a progredir

A FPI partilha sintomas com outras doenças mais comuns, levando a que o tempo até ao diagnóstico possa ser mais longo. 

Diagnosticar a FPI pode demorar muito tempo (até dois anos ou mais), o que pode ser muito frustrante para os doentes. Antes de lhe ser diagnosticada FPI, muitas pessoas terão feito muitos testes e exames diferentes. No entanto, a comunidade médica está sempre à procura de formas de encurtar o tempo até ao diagnóstico. 

Ao procurar o diagnóstico correto de FPI, o seu médico terá de excluir todas as outras doenças. O seu médico, e restante equipa, irão verificar os diferentes sintomas, perguntar-lhe sobre o seu historial clínico, e realizar vários testes e exames para chegar a um diagnóstico final claro. É por este motivo que poderá ter consultado diferentes especialidades de médicos antes de lhe ser diagnosticada a FPI.3,10 

Para diagnosticar FPI, o seu médico irá observar as diferentes componentes da sua saúde, e perguntar-lhe, por exemplo, sobre o seu historial profissional, historial clínico familiar, qualquer potencial consumo de medicamentos e drogas, bem como se é ou já foi fumador.

Fará também um exame físico, no qual o seu médico irá avaliar a sua saúde pulmonar.

O seu médico poderá identificar hipocratismo digital (dedos em baqueta de tambor), que se caracteriza pelo alargamento e arredondamento das pontas dos dedos das mãos ou dos pés com uma sensação esponjosa.

Um som de crepitações tipo velcro poderão ser identificadas quando o médico ouve os seus pulmões com o estetoscópio. 

Outros testes e exames poderão ser realizados para clarificar o diagnóstico.3,10 

Os medicamentos antifibróticos são uma das opções de tratamento para a FPI mais recentes, e demonstraram melhorar os resultados dos doentes.11 

Os medicamentos antifibróticos são medicamentos que visam retardar a progressão da doença, atrasando o processo que causa a formação de cicatrizes nos pulmões. Pela sua eficácia, é muito provável que constituam uma importante parte do seu plano de tratamento. Fale com o seu médico para perceber se são uma opção de tratamento adequada para si.11 

O seu médico pode também prescrever-lhe outros tratamentos como a reabilitação pulmonar ou a oxigenoterapia, com o objetivo de melhorar os seus sintomas e o seu bem-estar geral. O seu médico irá sempre considerar a sua situação individual, e em conjunto consigo, decidir qual o plano de tratamento mais adequado para si.3,11 

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Oxigenoterapia

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A oxigenoterapia pode ajudá-lo a realizar tarefas diárias, fornecendo-lhe oxigénio extra.
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Reabilitação pulmonar

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A reabilitação pulmonar é um programa educacional e de exercício que pode ajudar a melhorar a qualidade de vida.

Fale com o seu médico sobre as opções de tratamento disponíveis e discuta as mais adequadas para si.

"É importante manter-se positivo, encontrar um médico em quem confia, ter um bom apoio familiar, manter-se ativo e fazer uma dieta saudável"  

A FPI é uma doença progressiva, o que significa que piora ao longo do tempo. No entanto, não existe forma de prever a rapidez com que a progressão irá acontecer e a taxa a que a FPI irá progredir poderá também mudar ao longo do tempo. Alguns doentes podem notar poucas alterações nos seus sintomas, enquanto outros doentes sentem um agravamento mais rápido. Não se sabe por que motivo a doença progride mais rapidamente numas pessoas do que noutras.3 

Alguns estudos sugerem que metade das pessoas com FPI vive entre 3 a 5 anos após o diagnóstico. No entanto, estas estimativas basearam-se na informação existente antes da disponibilização de novos tratamentos para a FPI.1,3 

Com alguns tratamentos, as pessoas com FPI podem viver mais tempo. Embora  não consigam reverter a formação de cicatrizes nos pulmões, alguns medicamentos podem retardar a progressão da doença.5,12,13 

O seu médico, apoiado por uma equipa de outros especialistas experientes, irá utilizar o seu historial clínico, um exame físico e uma combinação de diferentes testes e exames, trabalhando em estreita colaboração consigo, para descobrir como a sua doença está a progredir. O seu médico irá então personalizar o melhor plano de tratamento para si.3,14 

Ao contrário de muitas outras doenças crónicas, não existem fases claras da FPI. Por isso, deverá falar com o seu médico, que pode aconselhá-lo com base na sua situação individual.14 

Nas fases iniciais da FPI, poderá apenas notar pequenas alterações na sua respiração. À medida que a doença progride, existe um maior risco de complicações ou de ocorrer uma exacerbação aguda. Uma exacerbação aguda é um agravamento súbito e rápido dos sintomas.1,15

As exacerbações agudas podem representar risco de vida e, por este motivo, é vital que trabalhe com o seu médico num plano para cuidar dos seus pulmões.15 

Importante

Importante

Se os seus sintomas piorarem subitamente, mantenha a calma e alerte alguém próximo para que possa contactar o seu médico, ou outro elemento da equipa de acompanhamento. Se os seus sintomas forem graves, os serviços de emergência devem ser contactados, por si ou alguém próximo.

Muitas pessoas com FPI podem ter dificuldade em gerir os seus pensamentos ou bem-estar mental. É normal que se sinta mais em baixo ou preocupado, e pode ter dificuldade em lidar com o diagnóstico. Cuidar da sua saúde mental é tão importante como cuidar da sua saúde física. Fale com o seu médico e restante equipa, se sentir que precisa de ajuda para gerir a sua saúde mental.

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Bem-estar mental

O seu bem-estar mental

Cuidar do seu bem-estar mental é tão importante como cuidar do seu bem-estar físico

Muitas pessoas com FPI poderão ter outras doenças, chamadas comorbilidades ou doenças coexistentes. A FPI pode ou não influenciá-las, mas geri-las pode ser tão importante como gerir a FPI. 

Para gerir estas doenças coexistentes, os doentes poderão receber medicação e outros cuidados além do seu tratamento para a FPI. Algumas das comorbilidades mais frequentes, incluem:16,17 

  • Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC): Doença pulmonar que limita o fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões, o que faz com que seja mais difícil respirar. 

  • Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE): Problema de estômago que causa a deslocação do ácido gástrico para o tubo alimentar (esófago), levando à azia.

  • Apneia obstrutiva do sonoCondição em que a respiração pára e reinicia durante o sono. 

  • Hipertensão pulmonarPressão arterial elevada nos vasos sanguíneos que fornecem sangue aos pulmões.

  • Doenças cardíacas, tais como doença cardíaca coronária, onde existe uma acumulação de depósitos de gordura e de tecido fibroso (placas) nos vasos sanguíneos do coração. 

  • Outras doenças: Diabetes, hipotiroidismo e hérnia do hiato. 

É importante lembrar que cada pessoa com fibrose pulmonar é diferente e pode ter diferentes comorbilidades (doenças coexistentes). Esteja sempre atento a quaisquer alterações de sintomas e discuta-as com o seu médico. Ele poderá ajudá-lo a gerir a sua doença, assim como os diferentes tratamentos. 

"Muitas das coisas que se fazem para se manter saudável com a FPI, são as mesmas que se fazem para se manter saudável no geral"  

"Sinto-me sozinho em relação ao meu diagnóstico!" 

Embora a FPI seja rara, não está sozinho. Existem outros doentes com FPI, tal como você, em todo o mundo, que estão a trabalhar nos desafios emocionais e mentais de viver com esta doença. De facto, todos os anos, entre 10 e 60 pessoas em cada 100.000 pessoas são diagnosticadas com FPI na Europa e na América do Norte.1,18 

Quer lhe tenha sido diagnosticada FPI recentemente ou esteja a viver com a doença há mais tempo, é importante que tenha um plano claro para o futuro do seu tratamento e bem-estar geral.

Sugestão rápida

Sugestão rápida

Falar e preparar-se para tudo isto pode, por vezes, ser desgastante e cansativo. Não sinta que tem de fazer tudo ao mesmo tempo. O planeamento dos cuidados é uma atividade contínua e, por vezes, demora tempo.

Alguns dias serão mais difíceis do que outros, mas lembre-se de que os dias bons irão ajudá-lo a lidar com os maus. Tente sempre arranjar tempo para criar memórias com os seus familiares e amigos mais próximos, pois estas irão mantê-lo ativo e ajudar o seu bem-estar mental.

Principais conclusões

  • A FPI é uma doença rara e progressiva que causa uma acumulação de cicatrizes nos pulmões, resultando em falta de ar;

  • A FPI partilha sintomas com muitas outras doenças, o que leva a que o diagnóstico possa demorar algum tempo;

  • Tratamentos com medicamentos antifibróticos têm como objetivo atrasar a progressão da doença ao abrandar o processo que causa a formação de cicatrizes nos pulmões; 

  • Se estiver a cuidar de um ente querido com FPI, lembre-se de que existem muitos recursos à sua disposição e que não está sozinho.

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cuidar de si

Cuidar de si

Existem diferentes estratégias que poderão ajudá-lo a gerir o seu bem-estar mental e físico.
"Viver com FPI é uma montanha-russa, desfrute dos altos e procure ajuda nos baixos"

  1. Martinez F, Collard H, Pardo A, et al. Idiopathic pulmonary fibrosis. Nat Rev Dis Primers. 2017; 3:17074.

  2. Upagupta C, Shimbori C, Alsilmi R, Kolb M. Matrix abnormalities in pulmonary fibrosis. Eur Respir Rev. 2018;27(148):180033.

  3. Meltzer E, Noble P. Idiopathic pulmonary fibrosis. Orphanet J Rare Dis. 2008;3(1).

  4. Fernandez I, Eickelberg O. New cellular and molecular mechanisms of lung injury and fibrosis in idiopathic pulmonary fibrosis. The Lancet. 2012;380(9842):680-688.

  5. Woodcock H, Maher T. The treatment of idiopathic pulmonary fibrosis. F1000Prime Rep. 2014;6.

  6. Vainshelboim B, Oliveira J, Izhakian S, et al. Lifestyle Behaviors and Clinical Outcomes in Idiopathic Pulmonary Fibrosis. Respiration. 2017;95(1):27-34.

  7. Senanayake S, Harrison K, Lewis M, et al. Patients' experiences of coping with Idiopathic Pulmonary Fibrosis and their recommendations for its clinical management. PLoS One. 2018;13(5): e0197660.

  8. Robalo-Cordeiro C, Campos P, Carvalho L, et al. Idiopathic pulmonary fibrosis in the era of antifibrotic therapy: Searching for new opportunities grounded in evidence. Rev Port Pneumol. 2017;23(5):287–293.

  9. van Manen MJ, Geelhoed JJ, Tak NC, Wijsenbeek MS. Optimizing quality of life in patients with idiopathic pulmonary fibrosis. Ther Adv Respir Dis. 2017;11(3):157–169.

  10. Wells AU, et al. Interstitial lung disease guideline. Thorax. 2008; 63: v1-v58.

  11. Raghu G, et al. Nintedanib and Pirfenidone. New Antifibrotic Treatments Indicated for Idiopathic Pulmonary Fibrosis Offer Hopes and Raises Questions. Am J Respir Crit Care Med. 2015; 191:252-4.

  12. Fisher M. et al. Predicting life expectancy for pirfenidone in idiopathic pulmonary fibrosis. J Manag Care Spec Pharm. 2017; 23: S17-S24.

  13. Fleetwood K, et al. Systematic review and network meta-analysis of idiopathic pulmonary fibrosis treatments. J Manag Care Spec Pharm. 2017; 23: S5-S16.

  14. Raghu G, et al. An official ATS/ERS/JRS/ALAT statement: Idiopathic pulmonary fibrosis: Evidence-based Guidelines for Diagnosis and Management. Am J Respir Crit Care Med. 2011; 183: 788–824.

  15. Kim DS. Acute exacerbations in patients with idiopathic pulmonary fibrosis. Respir Res. 2013; 14:86.

  16. Raghu G, et al. Comorbidities in idiopathic pulmonary fibrosis patients: a systemic literature review. Interstitial and orphan lung diseases. Eur Respir J. 2015; 46: 1113-1130.

  17. Oldham JM, Collard HR. Comorbid Conditions in idiopathic Pulmonary Fibrosis: Recognition and Management. Front Med (Lausanne). 2017; 4:123.

  18. Data on file. Boehringer Ingelheim. Worldwide prevalence, 2016.

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